Para entender a diferença básica entre os filmes de faroeste feitos nos Estados
Unidos e os faroeste feitos na Europa, é necessário viajar até a decada de 60.
Nesta
década, os estúdios da cinecita em roma estavam com problemas para relocar toda
a estrutura que foi utilizada para fazer filmes épicos, tais como : Hércules,
Sansão e Dalila, Cleópatra, Ben Hur, etc.
Os filmes
épicos estavam fora de moda, mas a estrutura de figurinos, atores, cenários,
etc... Estavam prontas para serem utilizadas, seria uma catástrofe desativar
todas essas empresas preparadas para fazer cinema.
Foi neste
momento que os italianos, espanhois e alemães começaram a fazer filmes de
faroeste e, acredite, até aqui no Brasil também foram produzidos alguns
faroestes.
O foroeste
apesar de estar em baixa, era uma alternativa mediana para manter a tal
estrutura funcionando.
Então, entre
os anos de 1965 até 1975 foi o momento mágico para os foroestes feitos na
Europa.
A maioria
das cenas externas eram feitas no sul da Espanha na região de Almeria e as
cenas internas nos estúdios da cinecita em Roma - Itália.
Incrívelmente
a grande maioria do público pensa que estes filmes foram feitos no oeste Norte
Americano, mas na verdade foram filmados na Europa.
E foram
exatamente os italianos que sairam na frente. Sérgio Leone, Enzo Castelari
,Sérgio Corbuci e tantos outros usaram e abusaram da sua visão sobre o tema
faroeste.
Unindo os
melhores técnicos em fotografia e os melhores roteiristas deram uma reviravolta
espetacular em um tema já desgastado que era o faroeste.
Por serem
feitos por italianos, estes faroestes foram apeliados de: Western Spaguetti ou Bang-Bang à
italiana
Veja as 6
diferenças básicas entre um filme de faroeste feito nos Estados Unidos e na
Europa:
§ 1 - TRILHA
SONORA:
EUA:
Mais
parecido com musicas utilizadas em circo, isto é : nao tem um ritmo ou
sequencia que possa ser lembrado fora do espetaculo ao ponto de dificilmente
lembrarmos de alguma trilha sonora hoje em dia.
ITÁLIA:
Transcende o
filme e pode ser ouvida a qualquer momento.
São trilhas
que empurram qualquer homem pra frente estimulando-o a enfrentar os problemas
do dia a dia com entusiasmo e coragem. Com certeza a musica que você conhece ou
já ouviu foi feita por italianos.
E neste
particular o maestro italiano Ennio Morricone é o máximo. Um breve resumo sobre
o magnífico maestro Italiano:Ennio Morricone:
“tento não compor
exclusivamente para um único filme”, “parto do princípio que a música tem que
valer a pena dentro do filme e fora dele”.
Para o
compositor o filme deve ser uma fonte de inspiração e de estímulo, da mesma
maneira que os afrescos em tempos antigos.
Eles eram
pintados dentro das catedrais; se levados para fora da catedral, para dentro de
um museu, eles continuam sendo pinturas monumentais.
Voltando
para a música, as “cantatas” de Bach, escritas para serem executadas nas
igrejas, tinham ao mesmo tempo um grande valor artístico fora dos serviços
religiosos.
Música
também tem que ter sobrevivência independente e, ser agradável de apreciar, sem
a presença de um filme na tela.
Para
entender e conhecer quem é este magnífico maestro (Ennio Morricone) é necessario
navegar nestes 2 links:
§ 2 -
FIGURINO:
EUA:
Colete,
camisa quadriculada, chapéu com as abas laterais virada pra cima. Tudo isso
muito limpo e arrumado.
ITÁLIA:
Poucos
coletes, poucas camisas quadriculadas, muito sobretudo, chapéu com abas
laterais retas, e poucas roupas coloridas . As cores marrom, branco e preto e
cinza era o predominante, exatamente como era no século 19.
Alem disso
,tudo muito empoeirado, sujo e muito usado, exatamente como era na vida real
neste período da conquista do Oeste.
Veja o texto
sobre o personagem "Trinity "interpretado pelo ator italiano Mario
Girotti nascido em Veneza no dia 29 de março de 1939, internacionalmente
conhecido como Terence Hill:
"Surgido
em pleno auge da contra-cultura, Trinity se apresenta como um típico hippie
vagabundo, vestindo roupas rasgadas e coberto de poeira do deserto dos pé à
cabeça. Para as longas travessias pelo Oeste, ele preparou uma espécie de
cama-esteira, puxada pelo seu obediente cavalo que comia a refeiçao na mesma
panela ao mesmo tempo."
§ 3 - ROTEIRO
1 (ROTEIRO PURO):
EUA:
Roteiros/textos
longos entre os personagens.
ITÁLIA:
Roteiro/textos
curtos entre os personagens,exatamente com era neste período.
E ERA ASSIM
POR 3 MOTIVOS BÁSICOS:
1- os
colonizadores eram pessoas humildes para ficar falando demais;
2- falar demais nesta época era se expor ao perigo, pois, denunciava seu poder
de armamento, terras, ouro e gado.
3- os colonos deste período tinham pouco domínio da lingua inglesa.
§ ROTEIRO 2
(DOMÍNIO DA LÍNGUA INGLESA)
EUA:
Mesmo com o
sotaque típico das pessoas do Centro-Oeste e do Oeste, nos filmes eles falam um
inglès perfeito.
ITÁLIA:
Como seria
possível um país colonizado neste períiodo por italianos, alemães, poloneses,
suecos, russos, chineses, etc... Estar falando um inglês perfeito?
A exemplo do
que aconteceu aqui no Brasil, estes colonizadores falavam muito bem,
evidentemente, a língua do seu pais de origem.
É muito
comum, ainda hoje, aqui no Brasil, encontrarmos pessoas que o português
carregado com o sotaque do seu país de origem, isto é : italiano,
alemão,japonês, polonês, etc... Imagine ha mais de 100 anos atrás.
Mais um bom
motivo para falarem menos e utilizar os olhares e mímicas.
Obs: observe
nos filmes do diretor italiano Sérgio Leone,por exemplo, que os
"closes" nos olhares dos atores falavam mais alto que qualquer
palavra dita.
§ 4 - DIREÇÃO:
EUA:
As câmeras
de filmar estão praticamente na altura do ombro do cameraman. Os cortes das
cenas, é notorio ao ponto de podermos perceber que são os dublês que estao em
cena.
Os
movimentos das câmeras nos induzem a já prever o que vai acontecer na cena
seguinte.
ITÁLIA:
1-os
movimento das câmeras transmitem suspense até o último minuto do filme e as
câmeras estão praticamente em 3 lugares:
§ NO CHÃO:
Valorizando em primeiro plano as botas, as esporas e os cascos dos cavalos
etc...
§ NA ALTURA DA CINTURA DO ATOR:
Valorizano em primeiro plano tanto de frente quanto de trás, que foi ator que
realmente sacou e atirou. Mostrando a destreza do ator e valorizando o ícone do
velho oeste: o revólver Colt 45 e seu incrivel poder de fogo.
§ CLOSE NOS OLHOS DOS ATORES:
Afinal, o corpo pode mentir, mas o olhar jamais.
São nesses
closes nos olhares dos atores que valorizava-se a arte mais clássica: a mímica.
E nesse
caso, a comunicaçao da mímica era clara: "caia fora da daqui agora ou
saque sua arma."
§ 5 -
CARACTERÍSTICAS DOS ATORES:
EUA:
O mocinho:
está sempre com a barba bem feita, os cabelos bem cortados, usa brilhantina,
chapéu e roupas sempre limpos, armas e coldres impecáveis.
O BANDIDO
:ESTÁ SEMPRE SUJO, A BARBA POR FAZER, CABELUDOS, USA ROUPAS SUJAS. DESSA FORMA,
O FILME TORNA-SE PREVISÍVEL, POIS, NO PRIMEIRO MINUTO DO FILME JÁ FICA CLARO
QUEM É O MOCINHO QUEM É O BANDIDO
ITÁLIA:
TANTO O
MOCINHO QUANTO O BANDIDO ESTÃO SUJOS, COM ROUPAS SUJAS, BARBAS A SEREM FEITAS E
CABELUDOS, MOSTRANDO COMO ERAM REALMENTE AS PESSOAS DO VELHO OESTE. POR
CONSEQUÊNCIA, SABER QUEM É O MOCINHO OU BANDIDO, SÓ ASSISTINDO O FILME ATÉ O
FINAL.
§ 6 - A
QUESTÃO DO ÍNDIO:
EUA:
ATÉ O FINAL
DA DECADA DE 60 , ERA MUITO COMUM NOS FILMES, OS ÍNDIOS SEREM OS BANDIDOS /
VILÕES, E OS BRANCOS OS MOCINHOS, OS HEROIS. INCLUSIVE A FRASE DO GENERAL
CUSTER, DA LENDÁRIA SÉTIMA CAVALARIA: "INDIO BOM É INDIO MORTO", ERA
REPETIDA SEM CONSTRANGIMENTO POR ALGUNS BRANCOS NORTE AMERICANOS.
ITÁLIA:
É MUITO RARO
NUM FAROESTE ITALIANO DE NÍVEL, A IMAGEM DO ÍNDIO SER EXPLORADA COMO A IMAGEM
DE UM BANDIDO, ALIÁS, É CONTRA A CULTURA EUROPÉIA.
OS 10 FILMES
DE FAROESTE ITALIANOS QUE VALE A PENA ASSISTIR:
Era uma vez
no oeste - C` ERA UNA VOLTA IN WEST (Charles Bronson)
Por uns dolares a mais - PER QUALCHER DOLLARO IN PIU(Clint Eastwood)
Keoma - Keoma (Franco Nero);
Ringo - Ringo (Giuliano Gemma);
Django - Django (Franco Nero) ;
Trinity ainda é meu nome - CONTINUAVANO A CHIAMARLO TRINITÁ(Terence Hill );
Meu nome é ninguem - IL MIO NOME É NESSUNO(Terence Hill);
O dolar furado - IL DOLARO BUCATO (Giuliano Gemma);
Tres homens em conflito - The Good The Bad and The Ugly - IL BUONO, IL BRUTTO
IL CATTVO (Clint Eastwood) ;
Companheiro - COMPANERO (vamos a matar companheiro) (Franco Nero).